Na passada terça-feira a nossa equipa entrevistou o treinador do CD Fátima, tentando assim perceber quais são as expetativas para esta nova fase do Campeonato Nacional de Seniores.
Dentro do Jogo (DJ): Quais são as suas expectativas para a 2.ª fase do CNS? Acredita na manutenção?
Ricardo Monsanto (RM): A expectativa é conseguirmos evitar o 'play-off' e conseguir a manutenção direta no CNS.
DJ: Encara a desistência do Riachense como um dado positivo para o CD Fátima?
RM: Acho que um clube desistir nunca é positivo para ninguém e é mau até para o futebol. É menos um adversário que temos, são duas semanas que as equipas vão ser obrigadas a folgar no campeonato, são pontos que poderiam eventualmente também tirar outras equipas desde que nós fizéssemos o nosso trabalho e, portanto, eu não encaro isso como uma situação positiva. Se nós andamos no futebol queremos ganhar sempre os jogo no campo. Tenho sempre pena que algum clube tenha de desistir.
DJ: Há necessidade de reforçar o plantel?
RM: Necessidade há sempre, mas dentro das nossas limitações orçamentais, nós não temos podido reforçar na verdadeira ascensão da palavra. No entanto, conseguimos repor algumas falhas que existiram durante algum período, o que permitiu a saída de alguns atletas que, na minha opinião, não beneficiaram o clube e que enfraqueceram o plantel. Neste momento, essas saídas foram repostas e, de alguma forma, conseguimos voltar a ter um plantel equilibrado.
DJ: Em vários jogos acabou por não realizar as três substituições possíveis. Isso deve-se a falta de soluções ou apenas por questões técnico/tácitas?
RM: As duas coisas. Primeiro, porque em alguns jogos não pude ter 18 jogadores no banco, pois quando cheguei já não encontrei a equipa que tinha deixado. Deixei a equipa com 25 jogadores, com várias soluções. Neste momento, já existem mais soluções, já conseguimos utilizar o banco mais facilmente para dar qualidade à equipa.
DJ: No início da época chegou a abandonar o comando técnico do CD Fátima. Por que o fez na altura e o que o fez regressar?
RM: Eu sai do Fátima porque começaram a haver dispensas de jogadores sem o meu aval. Tinha a ver com quem dirigia o clube naquela altura, em termos desportivos, em termos de futebol sénior. Não concordei, disse-o em voz alta, mais do que uma vez e, mesmo a seguir a uma vitória, acabei por sair porque não estávamos em consonância. Acabei por voltar porque o Padre Pereira nunca desistiu de mim, com ajuda de algumas pessoas que se estavam a aperceber do caminho menos bom que as coisas estavam a proporcionar. Vamos lembrar que dos 17 pontos do Fátima (falando em nós, porque ninguém consegue nada sozinho), nós conseguimos 15. Durante dois meses e tal só foram feitos dois pontos. Foi muito mau, e as pessoas aperceberam-se do que se estava a passar. O Fátima não pode ser o capricho de duas ou três pessoas. O Fátima tem de ser uma situação global, de uma cidade. O Sr. Padre nunca desistiu de mim, posso dizer que sempre teve vontade que eu voltasse. Eu nunca pensei voltar antes do final desta época desportiva, mas devido à urgência desportiva, as coisas precipitaram-se porque realmente foram dois meses muito negativos em termos desportivos, em termos de pontuação.
DJ: Como é a sua atual relação com a direção do CD Fátima?
RM: A minha relação é ótima porque neste momento tenho um secretário técnico que fala a mesma linguagem que eu. Tenho um presidente da comissão administrativa, o Padre Pereira, que me apoia incondicionalmente e que esteve sempre comigo desde o início e, para mim, é espetacular sentir todo esse apoio. Sinto que estamos todos embutidos no mesmo espírito.
DJ: Existe no atual plantel jogadores que possam atuar em patamares mais altos?
RM: Tenho quase a certeza que sim. Não vou citar nomes, mas eu próprio, se um dia tiver a possibilidade de ir para um patamar mais elevado, não me irei esquecer de três ou quatro jogadores desta equipa, já que têm capacidade para outros patamares.
DJ: É presença assídua nos jogos dos juniores do CD Fátima. Existe potencial nesse escalão que possa ser aproveitado para a equipa sénior?
RM: Eu tenho estado sempre presente nos jogos dos juniores do Fátima, porque penso que é aí que se constrói o futuro, mas não pode ser uma questão que caia do céu. Não posso estar à esperar de chegar ao final desta época e, por obra do espírito santo, alguém me apareça e diga para ver que existe este ou aquele. Até lá eu já os quero ter sinalizados, já os quero ter visto a treinar comigo, já quero ter tomado decisões, para no final de Maio dizer que determinados jogadores vão fazer parte do plantel porque eu pretendo, dentro do projeto do clube, as mais-valias desses jogadores e, nesse sentido, posso dizer que estou muito agradado com o trabalho que está a ser feito pela nossa equipa júnior.
"José Mourinho e Rui Vitória são referências"
DJ: Tem alguma referência no mundo dos treinadores, algum ídolo?
RM: Tenho mais do que uma, como é óbvio, porque nunca sigo uma referência incondicionalmente, mas a minha referência internacional é o José Mourinho. A nível nacional, neste momento, é o Rui Vitória, que também já treinou o Fátima.
DJ: Enquanto treinador já tem alguma experiência (seleção das camadas jovens, Torrense, Barreirense, Estoril…). Pensa um dia chegar à I Liga, nomeadamente a um dos três grandes?
RM: Quando acontecer, tem de ser uma coisa que vai acontecer naturalmente. Eu durante o meu percurso enquanto treinador tive a oportunidade de colaborar com um dos grandes na área do scouting durante nove anos. Trouxe-me uma experiência enriquecedora que me permitiu tirar sempre coisas positivas para a minha própria evolução e para as próprias equipas com que trabalhei. Tenho sempre esse objetivo de um dia poder chegar a uma liga profissional. Se pudesse chegar com o Fátima, melhor ainda, e julgo que este clube, no futuro, é capaz de voltar a ter capacidades para isso, porque já o teve e, se isso acontecer, claro que abrir a porta dos três grandes me faria muito feliz.
DJ: Prefere trabalhar com jogadores mais novos (juvenis, juniores…) ou com seniores?
RM: São dois trabalhos distintos. Gostei muito de trabalhar com jovens, especialmente na área das selecções, porque senti que estava a trabalhar com os jogadores de topo e que muitos deles vão ser os Cristiano Ronaldo do futuro. Mas o trabalho com seniores tem outro nível de competências, exige outro tipo de valências e dá-me imenso gozo. Neste momento, só me vejo a treinar seniores, embora tenha tido um prazer imenso na altura em que trabalhei com jovens.
Catarina Faria
Dentro do Jogo (DJ): Quais são as suas expectativas para a 2.ª fase do CNS? Acredita na manutenção?
Ricardo Monsanto (RM): A expectativa é conseguirmos evitar o 'play-off' e conseguir a manutenção direta no CNS.
DJ: Encara a desistência do Riachense como um dado positivo para o CD Fátima?
RM: Acho que um clube desistir nunca é positivo para ninguém e é mau até para o futebol. É menos um adversário que temos, são duas semanas que as equipas vão ser obrigadas a folgar no campeonato, são pontos que poderiam eventualmente também tirar outras equipas desde que nós fizéssemos o nosso trabalho e, portanto, eu não encaro isso como uma situação positiva. Se nós andamos no futebol queremos ganhar sempre os jogo no campo. Tenho sempre pena que algum clube tenha de desistir.
DJ: Há necessidade de reforçar o plantel?
RM: Necessidade há sempre, mas dentro das nossas limitações orçamentais, nós não temos podido reforçar na verdadeira ascensão da palavra. No entanto, conseguimos repor algumas falhas que existiram durante algum período, o que permitiu a saída de alguns atletas que, na minha opinião, não beneficiaram o clube e que enfraqueceram o plantel. Neste momento, essas saídas foram repostas e, de alguma forma, conseguimos voltar a ter um plantel equilibrado.
DJ: Em vários jogos acabou por não realizar as três substituições possíveis. Isso deve-se a falta de soluções ou apenas por questões técnico/tácitas?
RM: As duas coisas. Primeiro, porque em alguns jogos não pude ter 18 jogadores no banco, pois quando cheguei já não encontrei a equipa que tinha deixado. Deixei a equipa com 25 jogadores, com várias soluções. Neste momento, já existem mais soluções, já conseguimos utilizar o banco mais facilmente para dar qualidade à equipa.
DJ: No início da época chegou a abandonar o comando técnico do CD Fátima. Por que o fez na altura e o que o fez regressar?
RM: Eu sai do Fátima porque começaram a haver dispensas de jogadores sem o meu aval. Tinha a ver com quem dirigia o clube naquela altura, em termos desportivos, em termos de futebol sénior. Não concordei, disse-o em voz alta, mais do que uma vez e, mesmo a seguir a uma vitória, acabei por sair porque não estávamos em consonância. Acabei por voltar porque o Padre Pereira nunca desistiu de mim, com ajuda de algumas pessoas que se estavam a aperceber do caminho menos bom que as coisas estavam a proporcionar. Vamos lembrar que dos 17 pontos do Fátima (falando em nós, porque ninguém consegue nada sozinho), nós conseguimos 15. Durante dois meses e tal só foram feitos dois pontos. Foi muito mau, e as pessoas aperceberam-se do que se estava a passar. O Fátima não pode ser o capricho de duas ou três pessoas. O Fátima tem de ser uma situação global, de uma cidade. O Sr. Padre nunca desistiu de mim, posso dizer que sempre teve vontade que eu voltasse. Eu nunca pensei voltar antes do final desta época desportiva, mas devido à urgência desportiva, as coisas precipitaram-se porque realmente foram dois meses muito negativos em termos desportivos, em termos de pontuação.
DJ: Como é a sua atual relação com a direção do CD Fátima?
RM: A minha relação é ótima porque neste momento tenho um secretário técnico que fala a mesma linguagem que eu. Tenho um presidente da comissão administrativa, o Padre Pereira, que me apoia incondicionalmente e que esteve sempre comigo desde o início e, para mim, é espetacular sentir todo esse apoio. Sinto que estamos todos embutidos no mesmo espírito.
DJ: Existe no atual plantel jogadores que possam atuar em patamares mais altos?
RM: Tenho quase a certeza que sim. Não vou citar nomes, mas eu próprio, se um dia tiver a possibilidade de ir para um patamar mais elevado, não me irei esquecer de três ou quatro jogadores desta equipa, já que têm capacidade para outros patamares.
DJ: É presença assídua nos jogos dos juniores do CD Fátima. Existe potencial nesse escalão que possa ser aproveitado para a equipa sénior?
RM: Eu tenho estado sempre presente nos jogos dos juniores do Fátima, porque penso que é aí que se constrói o futuro, mas não pode ser uma questão que caia do céu. Não posso estar à esperar de chegar ao final desta época e, por obra do espírito santo, alguém me apareça e diga para ver que existe este ou aquele. Até lá eu já os quero ter sinalizados, já os quero ter visto a treinar comigo, já quero ter tomado decisões, para no final de Maio dizer que determinados jogadores vão fazer parte do plantel porque eu pretendo, dentro do projeto do clube, as mais-valias desses jogadores e, nesse sentido, posso dizer que estou muito agradado com o trabalho que está a ser feito pela nossa equipa júnior.
"José Mourinho e Rui Vitória são referências"
DJ: Tem alguma referência no mundo dos treinadores, algum ídolo?
RM: Tenho mais do que uma, como é óbvio, porque nunca sigo uma referência incondicionalmente, mas a minha referência internacional é o José Mourinho. A nível nacional, neste momento, é o Rui Vitória, que também já treinou o Fátima.
DJ: Enquanto treinador já tem alguma experiência (seleção das camadas jovens, Torrense, Barreirense, Estoril…). Pensa um dia chegar à I Liga, nomeadamente a um dos três grandes?
RM: Quando acontecer, tem de ser uma coisa que vai acontecer naturalmente. Eu durante o meu percurso enquanto treinador tive a oportunidade de colaborar com um dos grandes na área do scouting durante nove anos. Trouxe-me uma experiência enriquecedora que me permitiu tirar sempre coisas positivas para a minha própria evolução e para as próprias equipas com que trabalhei. Tenho sempre esse objetivo de um dia poder chegar a uma liga profissional. Se pudesse chegar com o Fátima, melhor ainda, e julgo que este clube, no futuro, é capaz de voltar a ter capacidades para isso, porque já o teve e, se isso acontecer, claro que abrir a porta dos três grandes me faria muito feliz.
DJ: Prefere trabalhar com jogadores mais novos (juvenis, juniores…) ou com seniores?
RM: São dois trabalhos distintos. Gostei muito de trabalhar com jovens, especialmente na área das selecções, porque senti que estava a trabalhar com os jogadores de topo e que muitos deles vão ser os Cristiano Ronaldo do futuro. Mas o trabalho com seniores tem outro nível de competências, exige outro tipo de valências e dá-me imenso gozo. Neste momento, só me vejo a treinar seniores, embora tenha tido um prazer imenso na altura em que trabalhei com jovens.
Catarina Faria